terça-feira, 17 de julho de 2007

Nomes e apelidos

Eu sempre fui a única Leonor da classe porque se esse nome um dia esteve na moda deve ter sido por meados de 189o. Nunca conheci ou soube de uma Leonor que tivesse menos de 80 anos e me acostumei a sempre ouvir um "É o nome de minha tia-avó" toda a vez que contava como me chamava.

No começo não foi nada fácil. Me lembro do trauma que eu tinha toda vez que a professora fazia a chamada ou falava meu nome na brincadeira de roda:

- Se eu fosse um peixinho e soubesse nadar, eu tirava a Leonor do fundo do mar...

E vinha uma dor forte no fundo do peito.

Quando era pequenininha, ainda no pré, eu queria me chamar Ana. Simples, só três letras. Não conseguia entender como a minha mãe podia ter me batizado Leonor se existia A-N-A. A solução era dizer o apelido:

- Pode me chamar de Lelê!

Foi dado pelo meu irmão ainda pequenino. O Rodrigo não tinha nem dois anos quando nasci e mal sabia falar. Então era "nenê" para lá e "nenê" para cá. Minha mãe logo percebeu que isso viraria um apelido e pensou:

- Minha filha ficará velhinha e só será chamada de Dona Nenê. Ri-dí-cu-lo.

Mamãe pensava mesmo na minha velhice, visto que meu nome será perfeito quando eu me tornar uma tia-avó. Aí ensinou meu irmão a me chamar de Lelê e o apelido pegou.

Foi já na adolescência que passei a ouvir meu nome de maneira diferente. Naquela fase umbiguista, onde a gente se sente mais especial do que os outros, únicos. E eu era mesmo a única Leonor, o que fazia todos lembrarem de mim e do meu nome esquisito anos depois.

O nome completo pode parecer pior: Leonor Maria Martin de Macedo. Uma porção de EMES e um Maria ainda por cima. Eu gosto de Maria, mas só Maria. No máximo um Maria Luíza, porque Luíza combina até com paçoca.

O Martin é da família da minha mãe, o Macedo é da família do meu pai. Espanhol com Português, o que me faz ter uma quantidade de pêlos aceitável pela Vigilância Sanitária, porque os espanhóis quase não têm pêlos pelo corpo. Quanto pelo nessa frase, meu deus.

Leonor é o nome da minha avó, mãe da mamãe. Daí que veio a idéia de batizar uma criança com nome de avó. Quando mamãe estava grávida de mim, pensava em me chamar de Juliana, mas com a pronuncia espanhola, o que me renderia um Ruliana. Deve ser desejo de grávida. Só que as pessoas acabariam me chamando de Juliana com jota mesmo porque moramos no Brasil e Juan (Ruan) vira Juão.

Não cheguei a conhecer a vovó Leonor, ela morreu antes do meu nascimento. Ainda nova, por uma barberagem médica. Então mamãe quis fazer uma homenagem, só que meu avô não gostou da idéia:

- Toda vez que olhar para sua filha vou lembrar da minha esposa e chorar de saudade.

Por isso o nome composto, Leonor Maria, já que ele poderia me chamar de Maria. Por coincidência, Maria era o primeiro nome de minha avó paterna. Dona Maria Stela. Aí eu fiquei com o nome das minhas duas avós como herança.

Desde o primeiro dia do meu nascimento, vovô Abdon nunca me chamou de Maria. Era só Leonorzinha, seguido de um sorriso largo no rosto. E eu penso, 24 anos depois - quase 25 -, que eu não poderia ter sido batizada de maneira diferente. Ser Ana seria muito sem-graça.

***

Essa é a história original do meu nome, mas para simplificar eu ando contando por aí que a Dona Rose me batizou com o nome da mãe de Miguel de Cervantes (o escritor de Don Quixote). O pai de Cervantes se chamava Rodrigo, nome do meu irmão. Faz todo o sentido.

7 comentários:

Elaine Leme disse...

LEONOR, LELE OU LELEZOCA, nome ou apelido? Não importa. Pra mim, o que importa mesmo é que você é uma pessoa maravilhosa.

Tenho uma amiga que se chama Elsa, ela tem o mesmo sentimento do seu quanto ao nome. Os pais dela capricharam mais ainda. Como ela nasceu no Natal. Adivinha como ficou seu nome? rss

Um grande beijo da sua amiga,

Elaine

Anônimo disse...

Hahahahahahhaaha, você está melhor que a minha irmã, Lelê, que escapou do Josefina. Pena que caiu nas garras do nome Zuleide...hahahahahahahaha.

E pô, que foda a história do Cervantes! =)

Cláudia Nascimento disse...

Muito bom, mas você esqueceu de dizer que o apelido evoluiu na família e que agora está mais para Lelis, como todo o restante, mamis, papis, titis, clods, flovs, etc. :) Bjs

Anônimo disse...

Querida...se você não gosta de Leonor, deveria ter um "Sebastiana" como eu pra ver o que é bom!

Anônimo disse...

Não sei o motivo, mas eu gosto de "Ana"...

Anônimo disse...

Adoooooooooro Ana. Mas Ana é um bom nome para as amigas. Ana Beatriz mais ainda.

Anônimo disse...

E a minha sogra que se chama Pelagia!!!!! E chamamos de Dona Pela!!!!

hehehehe

cada coisa...